domingo, 30 de maio de 2010

Fim de tudo


Em cima daquele prédio. Era lá que ele estava com o seu maço de cigarros e sua garrafa de pinga. Sentado na beira do 6º andar ele chorava desoladamente. Sim. Ele pensava em se atirar. Para ele, a vida já não tinha mais sentido. Desde aquele momento.

Era um empresário recém-formado, muito esforçado. Trabalhava na empresa do seu pai com o intuito de fazê-la crescer novamente, já que eles estavam na época das vacas magras.
Nessa tarde pedira permissão para voltar cedo à sua casa e fazer uma surpresa para sua esposa, afinal, cinco anos de casamento é o inicio de uma trajetória de vida.
Ele a amava. Isso era fato. No caminho para sua casa ele pensava no jeito mais inusitado de demonstrar-lhe isso. Carros de som? Não. Ela dizia achar brega. Serenata? Não. Não fazia o seu tipo. Resolveu-se então pelo mais antigo ritual de prova de amor. Rosas vermelhas. Nunca falham.
Chegou em casa ansioso , pois o aroma das rosas estava inebriando o seu carro, misturando-se ao fetiche de sua imaginação com o delicioso cheiro de sua amada. Um anjo em forma de gente. A mais perfeita criação de Deus, na qual ele usou de todo o seu capricho para moldá-la.
Saiu do carro e sorriu. A porta de sua casa já estava aberta. Na certa, ela já estaria esperando por alguma surpresa naquele dia tão especial. “Como é esperta a minha amada!”, pensou ele. Entrou. Ela não estava na cozinha. Nem na sala. Escutou um gemido. Um gemido prazeroso. Tremeu.
Entrou de uma vez no quarto e, por um momento, arrependeu-se do feito. Estava lá. A visão dos seus pesadelos mais obscuros. A visão do inferno. Um bicho de duas cabeças, quatro braços, quatros pernas e quatro olhos. Dois desses olhos já lhe eram conhecidos. Olhos, antes doces, de sua amada, que estavam ligados inteiramente a outro corpo em um leito que se retirara a poucas horas. Não o seu.
Num impulso ela pulou da cama inteiramente nua fazendo suas súplicas, enquanto ele, estático continuou. E as rosas sentiram o gosto do carpete recém encerado, junto com uma gota de lágrima.

Já estava decidido, ele não se daria o prazer de viver. Assim como as rosas, ele sentiria o sabor do chão. Sensação melhor haveria de ser, pois pior sensação ele já sentira. A traição. E se jogou.



Autora: Hellen Soares

14 comentários:

  1. Agora siim.. ^^,

    que texto triste, é bastante triste passa por uma situação dessas, amar incodicionalmente e passar por este tipo de situação, mesmo com todo aquele amor se petrificar no coração ao ver a cena que quebre todo o Amor.
    até nesses momentos temos de ter calma para não acabar fazendo besteira ^^,

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  2. Com certeza, nesses momentos que temos que manter a cabeça no lugar para não fazer uma besteira. Se você sentiu esse sentimento, eu atingi o meu objetivo com esse texto. Obrigado;

    =D

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  3. Belissimo texto, mesmo sendo bem triste!

    traição nao é facil mesmo mas temos que nos amar primeiro para que a outra pessoa nao nos faça perder o sentido

    Parabens pelo blog!

    passa la

    http://italoopensador.blogspot.com/

    xD

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  4. Obrigada pelo elogio, Italo! pode deixar que retribuirei a visita! beijos! =D

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  5. O texto é triste, mas tá muito muito show.

    Parabéns, continue assim.

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  6. Bem triste, mas muito bem feito parabéns.
    Adorei o blog; seguindo ;**

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  7. *-* Obrigada, Nath. Gosto de escrever textos tristes ... são mais reflexivos... =D

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  8. Um texto magnifico de fato...

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  9. OIE HELLEN , SEU BLOG É BEM INTERESSANTE, TO SEGUINDO VOCÊ, UM OTIMO DOMINGO!

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  10. Obrigado pelos elogios, é muito gratificante... =D

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