terça-feira, 27 de abril de 2010

Maldita saudade


Se acaso receberes esta carta

é porque estarei longe.

Longe demais para ajudar-te,

longe demais para aconselhar-te,

longe demais para lhe dar um abraço afetuoso

e dizer que tu podes sempre contar comigo.

Pessoa consoladora.

Ah! No teu seio amigo.

Acolhe-me!

Como me acolhestes quando precisei

e muitas vezes tu me ajudastes.

Sê meu amante em horas difíceis;

Sê meu conselheiro enquanto vivestes.

Só lhe peço que de mim nunca esqueças

e de tudo que juntos passamos.

Espero que um dia volte para suas origens,

volte para o lugar onde nos conhecemos

e aprendemos a ser o que somos.

Eu hoje te vi, felicidade,

em um triste sonho de recordação.

Lembro-me daquele dia.

Chovia.

Lençóis abarrotados de lama.

Oh! Infância querida.

Porém lembrada com sofrimento,

pois tu não estás aqui

para lembrarmos destes momentos.

Tu que andas longe de mim,

porém és minha ansiedade.

Minha esperança é te ter ao meu lado,

voltando às origens, ao passado.

sábado, 24 de abril de 2010

Aquele beijo...


E foi quando ele me beijou que eu percebi o que era o verdadeiro amor.
Pecebi que estava errada o tempo todo.
Minha mãe mentira todo tempo ?
Não.
Não flutuei.
Não fiquei estática.
Mas, sim, revidei fulgaz.
Avassaladora.
Senti meus lábios tremerem por um instante e logo entrei em um transe profundo, no qual você foi o único motivo pelo qual eu retornei.
Assim.
Inteira e completamente para ti.
Só para ti.


Autora: Hellen Soares

Apenas um erro...


Ela acordou com um olhar assustado em sua face, mas logo foi se estabilizando quando viu que ele estava ao seu lado.
Sentindo um pouco de remorso, talvez, mas com um sorriso contínuo nos seus lábios.
Um sorriso amargurado.
Olhando para aquela figura de belo porte e olhos castanhos já cerrados pelo profundo sono, ela lembrara que no mês que havia se passado não foi assim que aconteceu.

28 de novembro, essa data ficou marcada em sua memória. Era um sábado qualquer com um cara qualquer, que depois de uns goles de tequila passou a se tornar especial.
Ele era alto, branco, cabelos escorridos no rosto, mãos calejadas devido á intensa musculação e dono de uns lindos olhos acinzentados. E que olhos. Forma aqueles olhos que mais lhe seduziram.
Depois de uma noite de devaneios pelos bares cariocas ele resolveu convidar-lhe para um passeio, um passeio que ela só saberia o mal que lhe traria depois de aceitar.
E aceitou.
Dentro do carro tocava uma música inspiradora, dona de um incrível bom gosto.
Chegaram.
Era uma pensão humilde, na portaria uma bela mulata dona de um corpo escultural o atendera. Pelo modo ao qual eles se falavam notava-se que aquele lugar não era onde ele morava, mas isso não havia importância para ela.
Eles subiram.
Quarto número 14 no 2° andar.
Sem perder tempo ele começou a beijá-la, e ela, que já estava anciosamente esperando por isso, retribuiu.
Jogaram-se na cama como dois animais selvagens. E foi assim a noite inteira, até que um cansaço embargou o sono de ambos.
Já eram dez horas da manhã e ela acordara com um sorriso largo nos lábios e o barulho da porta batendo.
Ele devia ter ido buscar o café, foi o que ela pensou. Levantou-se ainda com ânimo, em busca de sua bolsa para retocar a face e esperar o seu querido. Achou o estojinho de maquiagens largado no banheiro, mas notou que o seu kajal não estava lá, mas logo o achou em cima de um bilhete que dizia assim:
"Não fique triste, o que você está sofrendo eu também sofri e o que você sofrerá é o que eu estou sofrendo, mas não ligo porque logo não estarei mais aqui... A doença que surgi através do amor de duas pessoas. Através da mais bela entrega de paixão vai surgir o pior dos pesadelos de uma vida. Aproveite enquanto há tempo!"
Com uma lágrima no olhar, ela entendeu.

E lá estava ela, sentada á admirar seu feito. Aquilo seria justo ? um pobre rapaz pagar por um erro que ela mesmo cometeu ? Não valeria mais á pena pensar. Já estava feito. Isso. Não tinha mais volta.
Ela levantou-se da cama ainda seminua e foi ao banheiro.
E foi lá que deixou cravado em um bilhete mais uma sentença de tristeza.



Autora: Hellen Soares